quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Probabilidades - Roletas virtuais

Roleta 5 cores - com gráfico de frequências absolutas incorporado




Permite criar a roleta que se pretende (2 a 11 cores diferentes)



Roleta ajustável - permite ajustar a percentagem de 5 cores diferentes


Roleta ajustável - permite ajustar a percentagem de 4 cores diferentes - com tabela de frequências absolutas e relativas incorporada




terça-feira, 29 de outubro de 2013

Medindo com vasilhas


Eram dois homens que iam por um caminho. Um levava 8 canadas de vinho numa cabaça e o outro levava 8 canadas de vinho em duas cabaças, cinco canadas de vinho numa e três na outra. Beberam o vinho da cabaça grande que tem 8 canadas e querem se separar e dividir o vinho das outras duas cabaças, cinco numa e três na outra. Querem que nenhum deles leve mais vinho do que o outro, ou seja que cada um leve 4 canadas e não têm medidas nenhumas. Ora eu pergunto de que maneira devem cambar o vinho de umas cabaças para as outras para que nenhum vá enganado.
(Gaspar Nicolas, fol 51 v.)

Esta  versão do problema é retirada da primeira aritmética impressa em Portugal, cuja primeira edição é de 1519. 


Experimente fazer este, e outros problemas, clique na vasilha:


 


Ou fazer o download de um programa que resolve, automaticamente, problemas deste tipo em:

A primeira versão escrita

A primeira versão escrita do problema parece ser a do manuscrito de um Abade alemão (Albert von Strade), que data de 1240:

Havia 2 vasilhas, uma de 5 “canadas” e uma de 3 “canadas” e uma fonte, posso despejar as vasilhas e enchê-las quando quiser, mas devo obter exactamente 4 “canadas”... Como é que devo fazer?

No tratado de aritmética de Paolo Damogari (Florença, c. 1339) o mesmo problema reaparece.

  Outras versões do Problema

Pacioli, no seu manuscrito De viribus quantitatis  (c. 1550), parece ter sido o primeiro alterar as capacidades das vasilhas:
dividir 12 “canadas” em partes iguais, usando duas vasilhas, uma de 7 e outra de 5;
 dividir 10 “canadas” em partes iguais, usando duas vasilhas, uma de 6 e outra de 4;
dividir 12 “canadas” em partes iguais, usando duas vasilhas, uma de 8 e outra de 4.
Tartaglia, no seu General Trattato di numeri e misure (1556), além do problema inicial, introduziu um outro problema com mais uma vasilha:
dividir 24 “canadas” em três partes iguais, usando três vasilhas, uma de 5, uma de 11 e outra de 13 “canadas”.
Bachet de Méziriac, em 1624, no seu livro Problèmes Plaisants et Délectables qui se font par les nombres, além do problema inicial, introduziu os seguintes:

dividir 16 “canadas” em duas partes iguais, usando duas vasilhas, uma de 9 e outra de 7;
dividir 16 “canadas” em duas partes iguais, usando duas vasilhas, uma de 11 e outra de 6;
dividir 42 “canadas” em duas partes iguais, usando duas vasilhas, uma de 27 e outra de 12.

Uma generalização do problema foi dada por Labosne na sua 5ª edição (1959) do livro de Bachet de Méziriac:



três recipientes ab e c, estando c cheio, dividir igualmente o conteúdo de c.
Uma formulação mais geral do problema é:
Dado um conjunto de recipientes e fixada a sua capacidade, descobrir que capacidades são mensuráveis, e determinar o número máximo e mínimo de passos necessários para medir tal capacidade.

Última actualização 04-12-2002

domingo, 27 de outubro de 2013

Pi - Sudoku


Pi Day 2009 Sudoku puzzle challenge

brainfreeze_piday2008.jpg

O Pi Existe

Neste episódio de Isto é Matemática vamos falar sobre o Pi e da forma em que o mesmo se encontra no nosso dia a dia.

Carteiros - Problemas


Eis uma versão do problema retirado de um aritmética portuguesa, impressa no Porto e datada de 1555, Tratado da Arte da Aritmética, de Bento Fernandes. 

A raposa e o galgo

Uma raposa vai diante de um galgo 100 braças e, cada vez que a raposa faz 4 braças. o galgo faz 5.
Pergunto, a quantas braças se juntarão ambos?
(Bento Fernandes, fol 100 v)
Uma versão deste problema em que um cão persegue uma lebre, mas em que se pode variar a velocidade com que cada um se desloca, e a sua distância de partida, pode ser trabalhado a partir do programa de computador Jogo de Funções.  

A primeira versão escrita do problema


No capítulo VI  do tratado chinês Nove capítulos da Arte Matemática, de cerca do século I a.C., aparecem, pelo que se sabe, pela primeira vez algumas versões do problema:  
Um bom caminhante cobre 100 bu, enquanto que um mau caminhante 60 bu. Suponha que o último vai à frente do primeiro 100 bu e que este o apanha. Diz: em quantos bu irão os dois lado a lado? 

O problema nas diferentes civilizações


Esta versão mais simples do problema não aparece na Grécia, mas em diversas outras civilizações, e parece ter entrado na Europa via árabes.
  Índia 
No manuscrito de Bakhshali de cerca do século III d.C., aparecem diferentes versões deste problema: 
Uma pessoa vai a 5 yojanas ao dia. Quando já tinha andado durante sete dias, a segunda pessoa, cuja velocidade é 9 yojanas por dia, parte. Em quantos dias é que a segunda pessoa apanha a primeira?
No trabalho do matemático Sridhara, do século IX, aparece também este problema. Eis, uma adaptação da sua versão:
Dois viajantes partem ao mesmo tempo para um destino a 100 km de distância. As suas velocidades são, respectivamente, 2 km/h e 8 km/h. O mais veloz dos dois ao voltar encontra o mais lento. Quando é que os dois se encontram?
   China
Na China, o mesmo tipo de problema volta a aparecer no século V, no Manual Aritmético foi escrito por Zhang Quijian.
Uma estrada circular à volta de uma montanha tem 325 li de comprimento. Três pessoas A, B e C vão ao longo da estrada. A caminha a 150 li por dia, B a 120 li por dia e C a 90 li por dia. Se começarem todas do mesmo ponto, ao fim de quantos dias se voltarão a encontrar? 
   Europa
O problema aparece a primeira vez na Europa no manuscrito, do século X, de Alcuino de York:
Há um terreno com 150 pés de comprimento. Numa extremidade está um cão, no outro uma lebre. O cão avança para caçar a lebre. Mas enquanto o cão avança nove pés por passo, a lebre anda apenas sete. Diz, aquele que quer, quantos pés o cão faz na perseguição da lebre em fuga até esta ser apanhada?
Maior parte das aritméticas europeias medievais e da época renascentista e mesmo os manuais escolares do século XX continham versões destes problema. 

As versões do problema


Smith considera estes problemas com um cunho bastante real, uma vez que é comum a situação em que alcançamos, ou nos cruzamos com um amigo numa caminhada.
É evidente que, neste problema, a situação real é matematizada, considerando-se, normalmente, o caminho seguido pelos personagens o mesmo, e sendo, pelo menos implicitamente, normalmente, realizado em linha recta.
Como se pode ver pelos exemplos apresentados, existem inúmeras versões deste problema.
O problema envolve normalmente duas personagens que se deslocam:
  na mesma direcção e sentido, com velocidades constantes diferentes, o que corresponde normalmente a situações de perseguição.
Nas situações apresentadas até agora pede-se ao fim de que espaço as duas personagens se encontram, mas noutras variantes é pedido a velocidade de uma das personagens, como nos dois exemplos que se seguem. 
Uma lebre corre 100 bu à frente de um cão. O cão persegue a lebre durante 250 bu, mas a lebre ainda está 30 bu à sua frente. Em quantos buo cão apanhará a lebre?
Um carteiro parte de Madrid para Roma e não se sabe quantas léguas caminha por dia; mas sabe-se que outro carteiro partiu 4 dias depois da mesma vila de Madrid, e foi pelo mesmo caminho, para Roma, o qual caminha 20 léguas por dia. E alcançou o primeiro correio em 6 dias.
Pergunto: quantas léguas caminha o primeiro carteiro, cada dia?
em  Arithmetica pratica de Jerónimo Cortés (1604.)
 na mesma direcção e sentidos contrários, com velocidades constantes diferentes, o que corresponde normalmente a situações de encontros.
O seguinte problema é a primeiro vez que esta versão aparece e
encontra-se, também, no tratado chinês Nove capítulos da Arte Matemática, de cerca do século I a.C.
A parte de Chang’na para Qi levando 5 dias. B parte de Qi para Chang’nalevando 7 dias. Supondo que B parte 2 dias antes de A. Diz: quando é que se encontrarão?
Os dois exemplos seguintes são retirados de aritméticas portuguesas do século XVI.
Um homem vai de uma cidade para outra em 6 dias e outro vem em contrário e da outra cidade para aquela donde partiu o outro em 8 dias. Ora eu demando, em quantos dias se encontraram estes homens no caminho e a quantas horas, sendo o dia de 15 horas?
(Gaspar Nicolas, fol 55 v)
É uma árvore que tem de altura 100 braças e em cima da dita árvore está um galo que vem descendo para baixo, e em cada dia desce 3 braças continuamente, e em baixo está uma raposa que vai para cima e cada dia sobe uma braça. Pergunto, em quantos dias se juntaram o galo e a raposa, continuando ambos o seu caminho?
(Bento Fernandes, fol 101 v)  
Se originalmente o problema pode ter tido um cariz real, veja-se como esta versão é em completamente absurda, o que aliás em muito comum na evolução de alguns problemas.
 na mesma direcção e sentido, mas que depois mudam de sentido.
Também neste caso a primeira versão é do 
tratado chinês Nove capítulos da Arte Matemática, de cerca do século I a.C.
Um convidado que cavalga a 300 li por dia. O convidado deixa as suas roupas para trás. O dono da casa descobre-as após 1/3 de dia, e saí com as roupas. Assim que alcança o convidado, o dono da casa dá-lhe as suas roupas e regressa a casa em ¾ de dia. Supondo que cavalga sem parar. Diz: quanto é que ele consegue andar num dia?
 na mesma direcção e sentido ou em sentidos contrários, mas comvelocidades que não são constantes e que crescem em progressão geométrica.
Também neste caso as primeiras versão aparecem no capítulo VII do 
tratado chinês Nove capítulos da Arte Matemática, de cerca do século I a.C.
Para conhecer alguns exemplos deste tipo de problemas veja a página «Carteiros 2».
 na mesma direcção e sentido ou em sentidos contrários, mas comvelocidades constantes mas num percurso circular.
primeira versão deste problema, que encontrei, foi a do chinês 
Zhang Quijian, do século V, já apresentada acima.
O exemplo seguinte foi retirado da aritmética do matemático espanhol Joan Ventallol, publicada em 1521.
Dois homens correm ao redor de uma cidade redonda e muralhada. Os dois começam a correr ao mesmo tempo e do mesmo lugar. Um demora 4 horas a dar a volta e o outro necessita de 5+1/2 horas. Os dois correm até que o mais rápido alcança o outro.
Em quantas horas o conseguirá?

As personagens do problema

O problema ficou conhecido como o problema dos carteiros, porque nalgumas versões dos autores medievais e renascentistas, as personagens são carteiros que levam mensagens de uma terra para outra. Tal deve-se ao facto de nessa época, como refere Smith, a comunicação comercial ser feita a través de carteiros que viajavam regularmente de uma cidade para a outra. 
Köbel, 1514
Este novo contexto não se limita exclusivamente a "perseguições", mas também a encontros, uma vez que os carteiros podiam viajar tanto no mesmo sentido como em sentidos contrários.
A versão do problema envolvendo carteiros parece ser de origem italiana, uma vez que maior parte dos autores de outras nacionalidade referem-se normalmente a cidades italianas nos seus problemas.
Eis, um exemplo retirado da Arithmetica pratica do matemático espanhol Jerónimo Cortés, publicada em 1604.
No primeiro dia de Abril partiram dois carteiros, um de Valência a Sevilha, e o outro de Sevilha a Valência, caminho de 84 léguas. O que parte de Valência caminha cada dia 10 léguas e o que parte de Sevilha caminha por dia 14 léguas.
Pergunto: em quantos dias se encontrarão, caminhando os dois por um caminho?
No entanto, noutras versões encontramos outras personagens:
 animais 
O mais comum são os problemas em que um cão persegue uma raposa ou uma lebre, que aparecem pela primeira do tratado chinês Nove capítulos da Arte Matemática, de cerca do século I a.C. Outros exemplos, além daqueles que já foram aqui referidos são: 
A raposa  está a uma distância de 40 dos seus passos do cão, 5 passos do cão correspondem a 3 da raposa.
Noutro exemplo, o cão e uma lebre estão a uma distância de 100 pés, enquanto o cão anda 10 pés a lebre anda 7. 


  • No manuscrito de Muscarello de 1478:
    A lebre e o cão estão a uma distância de 70 pés. O passo do cão é 7/5 do passo da lebre.
Página do manuscrito de Muscarello
A lebre tem um avanço em relação ao cão de 3000 passos, 5 passos da lebre correspondem a 8 passos do cão.
  • Na Suma de Pacioli, de 1494: 
A lebre tem um avanço em relação ao cão de 60 passos, e cada vez que a lebre faz 5 passos o cão faz 7.  
Aparecem problemas com outros animais, tais como, aves, formigas, ratazanas, ... 
Problema 20  (Nove capítulos da Arte Matemática)
Um pato selvagem voa do mar do sul para o mar do norte em 7 dias e um ganso selvagem voa do mar do norte para o mar do sul em 9 dias. Suponha que as duas aves partem ao mesmo tempo. Diz: quando é que se encontrarão?
Solução: 3+15/16 dias

Problema 12 (Nove capítulos da Arte Matemática)
Há uma parede com 5 chi de espessura, duas ratazanas escavam de lados opostos o túnel. No primeiro dia a ratazana grande escava 1 chi, a pequena, também, escava 1 chi. A ratazana grande duplica, diariamente, o que escava, a pequena reduz, diariamente, a metade o que escava.  Diz: o número de dias até que as duas ratazanas se encontrem. As distâncias escavadas pelas duas.
Solução: 2+6/13 dias, cada um terá 4 chi 8+6/13 cun de comprimento

Problema 19 (Nove capítulos da Arte Matemática)
Dois cavalos, um bom e um mau, partem de Chang'an para Qi. A distância entre Chang'an e Qi é de 3000 li. O cavalo bom avança no primeiro dia 193 li, e nos dias seguintes, aumenta por dia o seu percurso 13 li. O cavalo mau avança 97 lino primeiro dia e diminui de seguida o seu percurso em meio li por dia. O cavalo bom chega primeiro a Qi depois volta pelo mesmo caminho e encontra o cavalo mau. Diz: ao fim de quantos dias os dois cavalos se reencontram  e que distância é que cada um deles percorreu? 
Solução: 15+135/191 dias até se encontrarem, o cavalo bom viajou 4534+46/191 li e o cavalo mau viajou 1465+145/191li

 plantas
Problema 10 (Nove capítulos da Arte Matemática)Há um muro de 9 chi de altura. É plantada uma planta em cima, o caule cresce-se para baixo 7 cun por dia. É plantada uma planta em baixo o caule cresce-se para cima 1 chi por dia. Diz: o número de dias em que se encontram e quanto é que cada uma das plantas cresce? 
Solução: 5+5/17 dias, a planta de cima cresce 3 chi 7+1/17 cun; a de baixo cresce 5 chi 2+16/17 cun
Problema 11 (Nove capítulos da Arte Matemática)
O junco cresce 3 chi no primeiro dia, a cana cresce 1 chi no primeiro dia. Todos os dias o junco cresce metade do que cresceu no dia anterior; a cana, todos os dias, duplica o seu crescimento. Diz: o número de dias até que as suas alturas sejam iguais.  
Solução: 2+6/13 dias, cada um terá 4 chi 8+6/13 cun de comprimento.
 viajantes
Problema 13 (Nove capítulos da Arte Matemática)
Um mau caminhante vai à frente 10 li. Um bom caminhante persegue-o durante 100 li . E fica à frente do mau caminhante em 20 li . Diz: em quantos li é que o bom caminhante apanha o mau caminhante?  Solução: 33+1/3 li.
 naus, este contexto aparece igualmente na idade média com o desenvolvimento do comércio marítimo.
O primeiro problema, que se segue, é retirado de uma aritmética de 1485, publicada em Florença e atribuída a Calandri, o segundo é retirado da Aritmética do espanhol Joan Ventallol de 1521.
        Pier Maria Calandri, 1485
Uma nau vai de Marselha para Liverno em 7 dias uma outra de Liverno para Marselha em 4 dias. Após quantos dias em que se cruzam?
Uma nau sai de Nápoles para Barcelona e faz a sua viagem em 30 dias. Outra sai de Barcelona para Nápoles e faz a viagem em 20 dias. Saem as duas ao mesmo tempo.
Pergunto: em quanto tempo de devem encontrar?

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

A Matemática do Euromilhões - Probabilidades

Neste episódio de Isto é Matemática, um tema que faz parte do imaginário de praticamente todos os portugueses: quais são as reais possibilidades de se ganhar o Euro Milhões?

O Homem que fez a sua própria sorte - Probabilidades

Neste episódio o matemático Rogério Martins explica como Stefan Mandel em 1992 conseguiu,usando a matemática, ganhar muito dinheiro no "totoloto" australiano. E Isto é Matemática

O Problema do Aniversário - Probabilidades

Neste Episódio o matemática Rogério Martins fala sobre probablidade recorrendo novamente a gasosa... mas também a deputados, futebolistas e à Feira da Ladra com o curioso Problema do Aniversário. E Isto é Matemática

Sorte, Azar ou Matemática - Probabilidades

Neste episódio o matemático Rogério Martins vai explicar a quem deve agradecer ou culpar quando você ganha ou perde. Será a sorte, o azar ou o acaso? E Isto É Matemática.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Área do círculo

Uma forma de mostrar que a área de um círculo é π × r² é  "desenrolar" uma espiral de fio de modo a formar um triângulo.


O primeiro passo consiste em enrolar um fio em espiral unir a espiral com fita cola a partir do centro até à borda.

roll yarn into a flat spiral and tape it
Depois, cortar o fio junto à fita cola.
cut the yarn from the edge to the center next to the tape
Agora desenrolar o fio de modo a formar um triângulo.
area is 1 half circumference times radius
A base do triângulo é feita pelo pedaço de fio que usou para a fronteira do círculo. Portanto, o comprimento da base do triângulo  é a circunferência do círculo (2 × π × r). A altura do triângulo é o raio do círculo (r). Se substituir estas duas expressões na fórmula da área de um triângulo, vai acabar por obter a fórmula para a área de um círculo.
formula for area of circle

Traduzido e adaptado de: http://www.amazingmathprojects.com

Dados e Homens- Probabilidades

Este vídeo tem a duração de 9:48 minutos.
É uma banda desenhada canadiana, com legendas em português, e que de uma forma muito interessante explica a área de estudo das Probabilidades.

Lei dos grandes Números

Isto é Matemática T03E09 Hoje Lavas Tu a Louça

Neste episódio o matemático Rogério Martins explica o que é a lei dos Grandes Números. Para isso visita dois amigos que partilham um quarto numa residência universitária e que dividem as tarefas domésticas através do método de moeda ao ar. E Isto é Matemática.

Lei dos grandes números - Experiências

Frequência relativa como aproximação de probabilidade - ideias de experiências em que os acontecimentos não são equiprováveis

- Lançar um pionés (Dois acontecimentos: bico para cima e bico para baixo)
Qual é a probabilidade de ao lançar um  pionés este ficar com o bico para cima? 
Depende da forma do pionés
Table of results



(frequência relativa de ficar com o bico para cima - 160 lançamentos)

- Lançar um copo de papel (Três acontecimentos: para cima, para baixo, de lado)
Qual é a probabilidade de ao lançar um  copo este ficar de lado? 
Depende da forma do copo (cerca de 90%)


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Maria e as maçãs


Eis uma versão do problema retirado de um aritmética portuguesa datada de 1555,Tratado da Arte da Aritmética, de Bento Fernandes. 

O pomar de maçãs com três guardas

Um gentil-homem anda de amores com uma dama e não pode haver dela seu desejo. E a dama lhe pede 9 maçãs do jardim del-Rei e que aceitará o seu serviço. E o gentil homem se foi ao jardim e achou nele 3 portas e em cada porta está um porteiro e o primeiro porteiro lhe disse que entrasse, porém, que lhe havia de dar a metade de todas as maçãs que trouxesse e mais 2 maçãs. O segundo porteiro lhe disse que entrasse e que lhe havia de dar a metade das maçãs que trouxesse e mais 3 maçãs. O terceiro porteiro lhe disse também que entrasse e que lhe havia de dar a metade das maçãs que trouxesse menos 4 maçãs.
Pergunto: quantas maçãs há-de trazer este gentil-homem do jardim para que lhe fiquem as ditas 9 maçãs, nem mais nem menos, dando a cada porteiro segundo o que cada um lhe pediu?
(Bento Fernandes, fol 103 e 103 v)

Outras versões do problema

Uma outra versão do problema, muito comum na Idade Medieval e nas aritméticas  europeias dos séculos XV e XVI é a de um mercador que vai de feira em feira, percorrendo três feiras onde, de cada vez, duplica o seu dinheiro e gasta parte do seu dinheiro. Eis uma das duas versões, com este contexto, do livro do português Gaspar Nicolas (1519): 

A viagem do mercador

Um homem foi de Lisboa a Belém e levava dinheiro, não sabemos quanto, e na venda de Santos dobrou o dinheiro que levava e gastou 10 e ficou-lhe ainda dinheiro e em Alcântara dobrou o dinheiro que levava  e gastou 10 e ficou-lhe ainda dinheiro, e em Belém dobrou o dinheiro que levava e gastou 12 e ficaram-lhe 3 reais.
Ora eu pergunto: quanto dinheiro levava este homem?
(Gaspar Nicolas, fol 30)
Neste mesmo livro encontra-se ainda outra versão do problema, com um contexto diferente do anterior:
Digo que um homem entrou numa Igreja e não sabemos quanto dinheiro levava. Disse ao primeiro santo que lhe dobrasse o dinheiro que levava e lhe daria 12 reais e o santo lho dobrou. Deu-lhe 12 reais e ficou-lhe ainda dinheiro. E foi-se ao outro santo que lhe dobrasse o dinheiro com que ficou e que lhe daria 12 reais. O santo lho dobrou e o homem deu-lhe 12 reais e ficou-lhe ainda dinheiro. E foi-se ao outro santo que lhe dobrasse o dinheiro com que ficou e que lhe daria 12 reais. O santo lho dobrou e o homem deu-lhe 12 reais e não lhe ficou nada.
Ora eu pergunto: quanto dinheiro levava este homem?
(Gaspar Nicolas, fol 29)

A primeira versão do problema

A primeira versão deste problema parece ter aparecido na China e relaciona-se com tributos alfandegários. Dois problemas sobre tributos alfandegários pagos na passagens por 3 alfândegas e por 5 alfândegas aparecem  no capítulo VI do livro Nove capítulos da Arte Matemática, de cerca do século I a.C. 


Problema 27Um homem carrega arroz numa viagem. Passa por três alfândegas. Na primeira dá 1/3 do seu arroz, na segunda 1/5 do que sobrou, e na terceira, 1/7 do que sobrou. Depois de passar pelas três alfândegas, sobraram-lhe 5 dou de arroz. Que quantidade de arroz é que ele tinha ao início?  
Solução:10 dou 9+3/8 sheng 
(citado por Victor Katz)
Problema 28Uma pessoa transporta ouro por cinco alfândegas. Na primeira alfândega paga um imposto de uma parte em 2. Na segunda alfândega, uma parte em 3; na terceira, uma parte em 4; na quarta, uma parte em 5; e na quinta, uma parte em 6. Suponha que a taxa total destas cinco alfândegas é apenas 1 jin. Diz: que quantidade de ouro carregava inicialmente?
Solução:jin 3 liang 4+4/5 zhu 
Nota:jin = 16 liang, 1 liang = 24 zhu 

O problema nas diferentes civilizações

  Grécia 

O papiro de Akhmin (cerca do século VI-XI), contém uma versão deste problema sobre um tesouro.
  Índia 
O matemático hindu Mahavari, do século IX, no seu tratado Ganita-Sâra-Sangrahaapresenta também uma versão deste problema. 
De uma colecção de mangas, o rei tirou 1/6, a rainha 1/5 do restante, e as três princesas principais ¼, 1/3 e ½ do resto sucessivo, e a criança mais pequena tirou as 3 mangas que sobravam. Ó tu que és inteligente em problema com fracções, indica a medida da colecção de mangas.  
Mais tarde, no século XII, Bhaskara II, no seu livro Lilavati, apresenta uma versão semelhante com um viajante numa peregrinação (verso 58). 
   Arménia
O matemático arménio, Anania de Shirak (século VII), apresenta o seguinte problema, onde um mercador passa por 3 cidades:
Um mercador passa por três cidades. Na primeira cidade paga metade e um terço dos seus bens de taxa. Na segunda cidade paga metade e um terço do que sobra dos seus bens. Na terceira cidade paga, de novo, metade e um terço dos seus bens. Por fim sobram-lhe 11 moedas. Quanto são os seus bens originais.
                (citado por Shen Kangshen et al.)
   Europa
Maior parte das aritméticas europeias medievais e da época renascentista e mesmo nos manuais escolares do século XX continham versões destes problema.
Tais como:
  • Abraham ben Erza (matemático judeu, que viveu em Espanha, do século XII);
  • Fibonacci (matemático italiano do século XII);
  • Chuquet (matemático francês, do século XV);
  • Juan Pérez de Moya (matemático espanhol, do século XVI);
  • Tunstall (matemático inglês, do século XVI);
  • Jerónimo Cortés (matemático espanhol do século XVII).

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Problema - Probabilidades

Três macacos: o Bartolomeu, o Henrique e o Lourenço encontraram-se para beber chá na sua pastelaria preferida. Ao chegarem tiraram os chapéus. 
Quando saíram, cada um colocou um dos chapéus de forma aleatória.

Qual é a probabilidade de que nenhum deles sair usando o mesmo chapéu com que chegou?
UK Junior Mathematical Olympiad 2010

Problemas Pitagóricos


Num triângulo rectângulo a área do quadrado construído sobre a hipotenusa é igual à soma das áreas dos quadrados construídos sobre os catetos.

A relação, anterior, entre os lados e de um triângulo rectângulo, normalmente designada por Teorema de Pitágoras, foi correctamente utilizada em problemas com diversos contextos, desde a antiguidade.
Os primeiros problemas que se conhecem onde esta relação é utilizada remontam ao 2.º milénio a.C. e aparecem na civilização Babilónica


A escada

O seguinte problema foi retirado de um manuscrito alemão de Peter van Halle, escrito em 1568, mas, salvo as unidades de medida em que está formulado, é muito semelhante a muitos dos problemas, envolvendo o teorema de Pitágoras, que encontramos nos nossos manuais escolares.

Há uma torre com 200 pés de altura, e à volta da torre há um canal com 60 pés de largura. Alguém precisa de fazer uma escada que passe por cima da água até ao topo da torre.
A pergunta é: que comprimento deve ter a escada?
citado por Marjolein Kool
van Halle

No Tratado da Prática D'aritmética, do português Gaspar Nicolas, publicado em 1519, aparecem diversos problemas, em que se utiliza o teorema de Pitágoras, envolvendo torres. O seguinte envolve, igualmente, uma escada. No entanto, a escada, ao contrário do que acontece no problema anterior, não está fixa, desliza, o que torna o problema relativamente mais complicado, mas também menos realista.
Gaspar Nicolas
É uma torre de 20 braças de comprimento, a saber a altura dela é 20 braças. E está uma escada encostada a ela, de tamanho igual à dita torre e a escada afastou-se em baixo 12 braças.
Pergunto: quanto abaixou de cima? 
fl. 88

Uma versão semelhante deste problema aparece pela primeira vez na tábua babilónica BM 85196 (1650 - 1200 a.C.), com o seguinte texto:

Uma trave de comprimento 0,5 GAR está encostada a uma parede. O seu topo está 0,1 Gar abaixo do que deveria estar se estivesse perfeitamente direita.
A que distância da parede está a sua parte de baixo?

É evidente, que tal como no problema enunciado por Gaspar Nicolas, a trave tem o mesmo comprimento que a parede.
Um problema do mesmo tipo aparece noutra tábua babilónica (BM 34568), mais tardia, de cerca do séc. III a.C., mas neste caso o que se pretende saber é a altura da parede e da trave.


Uma cana está encostada a uma parede. Se desce [na parte de cima] 3 GAR a [parte de baixo] desliza 9 GAR. Qual é o comprimento da cana, qual é a altura da parede?

De, aproximadamente, o mesmo período é o primeiro papiro egípcio, que se conhece, onde aparecem vários problemas envolvendo o teorema de Pitágoras, o papiro do Cairo.

Uma vara de 10 cúbitos tem a sua base afastada 6 cúbitos. Determina a sua nova altura e a distância que o cimo da vara baixou.

De novo está implícito que a vara e a parede a que esta está encostada têm exactamente o mesmo comprimento.
O problema chegou igualmente à China, onde aparece no livro Nove Capítulos da Arte Matemática, provavelmente do século II a.C.

A altura de uma parede é 1 zhang. Uma vara de comprimento desconhecido está apoiada na parede, de tal forma que o seu topo coincide com o topo da parede. Se a parte debaixo da vara for afastada da parede mais 1 chi, a vara cairá no chão. Qual é a altura da vara?

Versões semelhantes deste problema aparecem em quase todas as aritméticas medievais e renascentistas, a figura apresentada ao lado, é retirada da aritmética de Philippo Calandri, de 1491.
O bambu quebrado

Na China, o livro Nove Capítulos da Arte Matemática, provavelmente do século II a.C., contém um capítulo que contendo problemas apenas sobre o teorema de Pitágoras. Neste aparece, ao que se sabe, pela primeira vez a seguinte versão:


Há um bambu com 1 zhang de altura, partiu-se e a parte de cima toca o chão a 3 chih da base do bambu. Qual é a altura da quebra?
Nota: 1 zhang = 10 chihimagem do livro de Yang Hiu de 1261

Este problema parece ter passado da China para a Índia, aparecendo em oito trabalhos indianos desde Bhaskara I (629) a Raghumath-raja (1597). A seguinte é a versão que aparece em Bhaskara II (cerca de,1150):

Se um bambu medindo 32 cúbitos e estando em pé, se partisse, num local, por acção do vento, e a sua extremidade encontrasse o chão a 16 cúbitos da base do bambu. Diz, matemático, a quantos cúbitos da raiz é que ele se partiu?

Ao entrar na Europa esta versão parece ter deixado o bambu, planta tipicamente chinesa, para passar a figurar com uma árvore. A seguinte versão aparece No Tratado da Prática D'aritmética, do português Gaspar Nicolas, publicado em 1519:

É uma árvore de 50 braças e está ao pé de um rio de 30 braças de largura e esta árvore quebrou por tal altura que foi a ponta além da borda do rio.
Demando: por onde quebrou?
fl. 86
Philippo Calandri,  1491
A imagem é retirada da aritmética de Philippo Calandri de 1491, onde o problema aparece exactamente igual, inclusive com as mesma distâncias.

A flor de lótus
Num certo lago, repleto de gansos rosados e de grous, podia-se ver, o topo de um rebento de lótus  um span* acima da superfície da água.  Forçado pelo vento, avançou gradualmente e foi submerso pela água a uma distância de dois cúbitos.
Calcula, depressa, matemático, a profundidade da água. 

* span = ½ cúbito.                      

Nos Nove Capítulos da Arte Matemática o problema aparece da seguinte forma:

Dada uma cana no centro de um pequeno lago quadrado de 1 zhang de lado, a qual está 1 chi acima da água. Quando é puxada para a margem, a sua parte de cima fica rente à tona da água.
Diz: qual é a profundidade de água e o comprimento da cana.

Nota: chih = 10 cun , 1 zhang = 10 chih

Outros problemas

Os chineses inventaram numerosos problemas onde é aplicado o teorema de Pitágoras, alguns bastante bastante imaginativos, como é o caso do seguinte:

Uma árvore de 2 zhang de altura tem perímetro de 3 chi. Existe uma videira que se enrola sete vezes à volta da árvore e chega ao topo da árvore. Qual é o comprimento da videira?
A imagem é retirada do manuscrito de Paolo Dagomari, de 1339

Encontra muitos outros exemplos de origem chinesa no nono capítulo de Nove Capítulos da Arte Matemática. E as versões hindus de alguns destes problemas, ou mesmo problema originais da Índia no capítulo sobre medida do matemático hindu do século XII, Bhaskara II. Como, por exemplo, o seguinte:

Havia uma palmeira de 100 cúbitos de altura e havia um poço a uma distância de 200 cúbitos da árvore. Estavam dois macacos no cimo da árvore. Um deles desceu da árvore e foi até ao poço. O outro pulou para cima e saltou para o poço seguindo a hipotenusa.  Se os dois percorreram a mesma distância, descobre o comprimento do pulo macaco. 

É possível que tenha sido este problema de origem hindu que tenha dado origem ao seguinte problema, muito comum na Idade Média.

As duas torres

No Tratado da Prática D'aritmética, do português Gaspar Nicolas, publicado em 1519, aparece o seguinte problema.
São duas torres uma de 90 braças e outra de 80 e estão arredadas uma da outra, 100 braças. E entre ambas as fontes está uma fonte em tal lugar que duas aves iguais no voar vêm beber àquela fonte, e cada uma das torres tem sua ave em cima, e partem ambas ao mesmo tempo e chegam ambas ao mesmo tempo à fonte.
Demando quanto está a fonte arredada de cada torre?

É interessante notar que este problema aparece exactamente igual em Phillipo Calandri (1491), isto não significa que o aritmético português tenha copiado o seu trabalho de Calandri. Na verdade, este baseou-se, segundo ele próprio afirma,  no trabalho de Luca Paciolli. No final da Idade Média e na Renascença, era muito comum os autores copiarem uns dos outros!
Este problema parece ter aparecido pela primeira vez em Liber Abaci (1202) deLeonardo de Pisa. A sua versão é traduzida da seguinte forma:
 
Dois pássaros começam a voar do topo de duas torres a 50 “pés” de distância, uma tem 3 “pés” de altura, a outra “40 pés” de altura, começando ao mesmo tempo e voando à mesma velocidade. Chegam ao centro de uma fonte entre as duas torres ao mesmo tempo. A que distância está a  fonte de cada uma das torres?
Calandri, 1491